segunda-feira, outubro 27, 2008

ELVAS













quarta-feira, outubro 22, 2008

Marinheiros - Tall Ships










sábado, outubro 18, 2008

Santa Cruz - entardecer








Sonhei contigo

Sonhei contigo uma vez
Tu não crês?
Acredita que é verdade.
Pois dum sonho assim, quem há-de
Duvidar?
Dum sonho que é todo encanto…
(Quão risonho eu me levanto
Nesse dia…)
Crê, meu Bem, toda a mágoa
Que possas imaginar
Sonhei eu.

Sonhei contigo uma vez
E fiquei tão radiante,
Diamante,
Que sonhei duas e três
E vinte vezes; pudera,
Primavera.
Não havia de sonhar
Contigo – que és toda luz
A brilhar!
Que és farol que me conduz
A amar!...

Crê, meu Bem, sonhei contigo
E não foi uma só vez,
Foram tantas quantas lês
No que eu digo.
Agora resta, verbena,
Saber se valerá a pena
Na quimera
Docemente confiar…
Ó Deus meu, oh quem me dera
Continuar, gerebera,
A «sonhar».

Marílio de Valdívia
(João Emiliano Vasconcelos)

segunda-feira, outubro 13, 2008

KALIAKRA










Descendente

Não há quadros dos meus antepassados
nem livro de família,
não conheço os seus legados,
suas faces, almas, vida.

Mas sinto pulsar o ancestral,
nómada, impetuoso sangue.
Furioso, desperta-me do sono nocturno,
encaminhando-me ao primeiro pecado.

Talvez a minha bisavó de negros olhos,
calças de seda e turbante,
tenha fugido a meio da noite
com algum louro khan estrangeiro.

Talvez o trotar dos cavalos tenha ressoado
pelas planícies do Danúbio
e o vento, encobrindo seus vestígios,
os tenha salvo do vingador punhal.

Talvez por isso tanto ame
a estepe inatingível ao olhar,
o intempestivo voo dos cavalos
e a livre voz do vento.

Talvez seja falsa e pérfida
e pelo caminho me dome,
sou na realidade tua filha,
minha consanguínea mãe – terra.


Elissavéta Bagriana