quarta-feira, janeiro 31, 2007
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domingo, janeiro 21, 2007
sábado, janeiro 20, 2007
Aurora
Aurora boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
António Gedeão
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Desertas incandescentes
AS PAISAGENS
Sim, também sinto o desejo
de paisagens oceânicas,
atlânticas,
índicas e pacíficas.
Peixes de cores fluorescentes
que, de serenidade plenos,
nadam e voam
com suas barbatanas asas,
por azuis verdes,
turquesas esmeraldas,
quentes, muito quentes mares...
Poentes incandescentes
espelhados em ondas que se espraiam
na areia brilhante e lisa de praias desertas
que nos fazem desejar intensamente
aquilo que nem conhecemos...
Qualquer que seja a paisagem, no entanto,
pirâmides milenárias
ou riachos recém-surgidos,
sete maravilhas do mundo
ou a flor do quintal ao nosso lado,
jardim do eden
ou as luzes da cidade nocturna,
qualquer que seja a paisagem...
o exotismo
nasce de uma chama
que brota da nossa pele
quando encontra a pele do outro,
que surge de uma faísca
quando dois certos olhares se encontram,
que nos invade o corpo,
quando outra respiração
se funde com a nossa…
Sim, se não estivermos sós,
e a rosa dos ventos guiar a sorte dos amantes,
qualquer gesto, por mínimo, frágil que seja
nos fará sentir
o calor tropical despontando por entre a neve.
Maria João Costa
domingo, janeiro 14, 2007
sábado, janeiro 13, 2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
quinta-feira, janeiro 11, 2007
quarta-feira, janeiro 10, 2007
terça-feira, janeiro 09, 2007
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
O homem das castanhas
Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.
Ary dos Santos
segunda-feira, janeiro 08, 2007
domingo, janeiro 07, 2007
Dança das Quatro Estações
terça-feira, janeiro 02, 2007
Noite Mágica
Cidade branca
Dorme já, plenamente, a cidade!
O silêncio é de ouro e os homens
todos o procuram de mãos dadas.
Os velhos, de olhos semicerrados,
amparam-se ao bordão da memória;
emudeceram, no solar dos senhores,
o chicote, o ódio sem disfarce.
Dorme já, plenamente, a cidade!
Aproxima-se o dia. As mulheres,
amadas e repousadas, cantam
em seu sono. Abre-se, em concha,
a mão da madrugada. Lábios e rosas.
Amanhã, ao acordar, a cidade renovada
será dos meninos o tempo e a casa.
Casimiro de Brito
segunda-feira, janeiro 01, 2007
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