![](http://3.bp.blogspot.com/_viuN8_jFJK4/ReTBNi-inNI/AAAAAAAAAJ8/spgESxgHVjM/s400/IMG_0831.jpg)
![](http://4.bp.blogspot.com/_viuN8_jFJK4/ReTBNy-inOI/AAAAAAAAAKE/_FLgKgSKu-o/s400/IMG_0801.jpg)
Clareou.
Vieram pombas e sol,
e, de mistura com Sonho,
pousou tudo num telhado...
(Eu, destas grades, a ver,
desconfiado.)
Depois,
uma rapariga loira,
(era loira)
num mirante
estendeu roupa num cordel:
Roupa branca, remendada,
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia...
E não foi preciso mais:
Logo a alma
clareou por sua vez.
Logo o coração parado
bateu a grande pancada
da vida com sol e pombas
e roupa branca, lavada.
Lisboa, Cadeia do Aljube, 1 de Fevereiro de 1940
Miguel Torga