segunda-feira, outubro 13, 2008

KALIAKRA










Descendente

Não há quadros dos meus antepassados
nem livro de família,
não conheço os seus legados,
suas faces, almas, vida.

Mas sinto pulsar o ancestral,
nómada, impetuoso sangue.
Furioso, desperta-me do sono nocturno,
encaminhando-me ao primeiro pecado.

Talvez a minha bisavó de negros olhos,
calças de seda e turbante,
tenha fugido a meio da noite
com algum louro khan estrangeiro.

Talvez o trotar dos cavalos tenha ressoado
pelas planícies do Danúbio
e o vento, encobrindo seus vestígios,
os tenha salvo do vingador punhal.

Talvez por isso tanto ame
a estepe inatingível ao olhar,
o intempestivo voo dos cavalos
e a livre voz do vento.

Talvez seja falsa e pérfida
e pelo caminho me dome,
sou na realidade tua filha,
minha consanguínea mãe – terra.


Elissavéta Bagriana


2 comentários:

Anónimo disse...

Como ex tripulante ocasional do kaliakra, o trabalho está mto bem conseguido

parabéns

Anónimo disse...

Quando vi as fotos do "nosso" Kaliakra e da nossa tripulação, as saudades que já tinha, aumentaram ainda mais.
Nunca irei esquecer as pessoas que conheci nesta regata, pois conseguimos ser uma verdadeira família.
Foi uma viagem inesquecível!!!

Muitos parabéns pelo trabalho e obrigada por me ter dado esta alegria.

Beijos para todos.
Rita Vaz