quarta-feira, junho 20, 2007

Sinos


Ó sino da minha aldeia

Ó sino da minha aldeia
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...

E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...


Fernando Pessoa

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