Ó sino da minha aldeia
Ó sino da minha aldeia
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...
E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...
Ó sino da minha aldeia
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...
E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...
Fernando Pessoa
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